sábado, 7 de fevereiro de 2015

Resenha de Você Verá, por Ângela Guidi

{Resenha} Você Verá - Luiz Vilela
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Hoje tem resenha para quem vai prestar o vestibular 2015 da UEMG (Universidade Estadual de Minas Gerais) ou para quem apenas gosta de contos. 

Você Verá é uma das obras literárias que foram pedidas na UEMG e, como vou prestar também, resolvi fazer uma resenha do livro.

O livro é composto por 11 contos bem curtos. As 126 páginas são quase uma enganação, pois as páginas são grossas e as letras são grandes.



"Zoiuda" -> Esse primeiro conto apresenta uma lagartixa como uma personagem marcante. Seu papel é fazer companhia à um solitário professor de português. A vida desse professor é bem monótona, tanto no colégio quanto nos bares e quando a lagartixa some e aparece de novo, ele admite, mesmo relutante, que sem a presença dela "aquele apartamento ficara um pouco mais vazio". (p.11)


"Era aqui" -> Um homem vai à sua cidade natal com a namorada e mostra o lugar que há muito havia um campinho de futebol no qual jogava na infância. É sobre promessas mentirosas dos políticos da época e a saudade de seu tempo de criança. Um sabiá que canta também o faz lembrar de antigamente e o leva a fazer uma declaração de amor à sua namorada.

"O que cada um disse" -> Aqui, vemos uma perspectiva diferente de cada pessoa sobre o que um sujeito, aparentemente do bem, poderia ter feito. Uma senhora (bom, pelo menos, dá a impressão de ser) chega a comparar os humanos com florestas: "... você olha de fora, e a floresta é aquela maravilha; mas você entra, e lá dentro você dá com onças, cobras, escorpiões...". (p.20)

"Céu estrelado" -> O homem volta de carro para a sua cidade na noite da virada do ano e, como "propósitos de Ano-Novo", ele decide não correr. Isso faz com que a sua mulher ridícula, com quem ele conversa pelo celular, fique desesperada achando que ele vai chegar atrasado na sua casa cheia de pessoas que ele não quer ver. Ele encontra um tatu na estrada e o trata de uma maneira que nenhuma outra pessoa trataria o bichinho. Esse conto mostra muito das angústias do ser humano.

"Todos os anjos" -> Esse é o mais criativo, em relação à imaginação das crianças. É a conversa entre pai e filho, onde o filho acaba de sair da sua aula de catecismo. A história gira entorno da existência de anjos que o pai chega a compará-los com pássaros, minhocas e cobras voadoras, na época em que todos os bichos falavam. "... minhoca só falava na língua delas: o minhoquês." (p.42)

"O Bem" -> O conto mais longo do livro. Um advogado bem sucedido narra os acontecimentos de um desentupidor de privadas, chamado Bem, com quem começa a ter amizade. Aqui temos o conhecimento da crueldade humana, onde o narrador acaba tendo prazer em ouvir, pelo telefone, as desgraças que vêm a calhar sobre o pobre coitado. Mais desventuras acontecem quando o gato quebra um vaso de sua esposa e o cachorro de seu filho morre. Um dos melhores contos, na minha opinião.

"Quando fiz sete anos" -> O homem recorda-se de quando ganhara um presente do avó, um presente inútil, que não funcionava. Porém ficou tão feliz por ter ganhado algo de alguém que gostava tanto que até se comparou com um animal: "... fui para casa, a três quarteirões dali, voando como um alegre pássaro da manhã". (p.80)

"Corpos" -> Esse é bem mórbido, Luiz nos mostra sinais negativos da curiosidade humana: duas pessoas entram na internet para ver as fotos dos corpos estraçalhados em um acidente de avião. "Abra um porco e verás teu corpo, dizia minha avó." (p.85) dizem quando vêem um corpo de uma pessoa.

"Noite feliz" -> O conto trágico mostra história de uma mulher solitária numa noite de Natal. Ela prepara uma surpresa para seus parentes que (acha que) chamou para sua casa. Mas sente falta é do gatinho chamado Pretinho que sua família não levou. Luiz nos dá pouca informação sobre a história em si.

"Mataram o rapaz do posto" -> Aqui há um grande mal entendido sobre a morte do rapaz. Um gambá aparece na história, mas o que fede mesmo é - de novo - a crueldade do personagem que conta o que realmente aconteceu no posto.

"Você Verá" -> No conto que fecha o livro, temos um homem à espera de seu ônibus num bar de rodoviária em Brasília, no começo da capital. O senhor dono do bar se sente esperançoso em relação à cidade e ao Brasil, que diz que é "um país onde todos terão oportunidade, onde ninguém mais passará fome, ninguém mais precisará pedir esmola nas ruas" (p.108)


Achei o livro muito focado no tempo e nos animais. Todos os contos têm alguma comparação ou falando algo sobre eles. E sobre o tempo, Luiz está sempre dizendo algo que aconteceu ou que vai acontecer, que sente saudades...

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