domingo, 26 de maio de 2013

Estudante analisa conto de Luiz Vilela










“Preocupações de uma velhinha”, de Luiz Vilela

O conto “Preocupações de uma velhinha”, de Luiz Vilela, como já dá a impressão no título, é sobre as preocupações que uma senhora tem sobre tudo, o que está acontecendo no mundo entre outros assuntos.
Ao longo de todo o conto a velhinha questiona diversas coisas para seus filhos, logo que leu no jornal uma notícia que tinha relação com guerras e armas e teve interesse de saber sobre o que aquele texto falava, e uma pergunta levava à outra. Porém, ela tenta não questionar tanto, pois não se sente à vontade porque sabe que seus filhos não gostam de explicar, sempre dizem que ela não vai entender. Mas, de tanto que pensa sobre o assunto acaba tirando sua dúvida.
E enquanto questiona e reflete sobre o assunto, começa a pensar em outras coisas que têm relação. O narrador em terceira pessoa partilha do ponto de vista da velhinha, tendo uma focalização parcial interna. Assim é narrado o que a personagem principal está pensando, como é mostrado ainda no início do conto, a velhinha lembra-se de quando ainda era criança quando seu pai falava sobre a Guerra do Paraguai: “Guerra que lembra é a do Paraguai, era menina ainda, o pai contando histórias, umas bonitas, outras tristes — mas não pareciam matar tanta gente (…) Agora era esquisito, parecia que a guerra estava em toda parte (tantos nomes de lugares que ela nunca tinha ouvido falar), no mundo inteiro (…)”.
Em outro dia, enquanto a senhora estava ocupada cuidando de seu jardim, seu neto chega com uma arma e coloca medo na avó, dizendo que todas as plantinhas  das quais ela cuidava em seu jardim iriam explodir, e nesse momento ela fica com muito medo, preocupada, assustada, sendo que na verdade nada aconteceu.
A história se passa no interior, ou seja, dentro da casa da personagem principal onde parte do conto se passa na cozinha e parte no jardim da casa. Não é descrita a cidade que se passa, o leitor reconhece que é no Brasil, pois no momento que discutem sobre as guerras, a personagem quer saber sobre o que acontece em seu país, que é o Brasil.
O narrador é neutro, não faz comentários sobre os personagens nem sobre os acontecimentos, apenas descreve a velhinha indiretamente, o narrador narra o que ela faz, o que pensa, deixando para o leitor refletir sobre a personagem, com as diferentes características descritas implicitamente durante todo o conto. Como por exemplo, é narrado algumas vezes que a senhora está cuidando de seu jardim, o que indica ao leitor que é um hobbie dela, que é algo com que ela realmente se importa e gosta: “(…) e então ela olha para os canteiros, seus canteiros que ela rega toda manhã e de tempos em tempos cava com a enxadinha e semeia (…)”
O plano da expressão é o que se destaca no conto, pois são narrados acontecimentos que não aconteceram na vida real, mas que são muito verossímeis. A organização da narração também contribui muito, pois além de contar o ocorrido, conta o que a velhinha pensou naquele momento. Também estão muito presentes no texto metáforas, como por exemplo ‘monstro de metal’, sendo essa uma metáfora para quadrimotor, logo a conotação é um dos conceitos que se destaca no texto. Outro conceito presente no conto é de intangibilidade, onde as palavras só fazem sentido naquela frase, como por exemplo, “a distância apagou o minúsculo ponto azul”, o que significa que com a grande distância não era possível mais ver a aeronave.
Ao terminar o conto, dá a sensação de que alguma coisa está faltando. De que aquela preocupação da velhinha era uma besteira, e no próprio conto, o neto fala “Vovó boba, vovó boba”, pois acreditou que seu netinho iria explodir todo o seu jardim e então fica muito assustada. Essa última cena parece querer mostrar ao leitor que as preocupações que ela tinha eram desnecessárias, que ela acredita e pensa em coisas que não são verdadeiras e não vão acontecer.
Thayná Payão Aldrighi, 1°A
In: http://www.vila.com.br/blogs/analisesliterarias/?p=88
acesso em 5 nov. 2012.

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