domingo, 29 de janeiro de 2012

"Encontros marcados", por Wilson Martins

Em 17 de outubro de 1992, o crítico Wilson Martins trata do romance Hilda furacão, de Roberto Drummond, lançado no ano anterior. Nos dois primeiros parágrafos, em que o situa como "romance de uma geração", trata de dois outros romances de geração de escritores mineiros: O encontro marcado, de Fernando Sabino, e Os novos, de Luiz Vilela. Eis essa passagem:


É possível que o grande público esteja lendo Hilda Furacão (São Paulo: Siciliano, 1991), de Roberto Drummond, como o "brinquedo lúdico" proposto pelo autor, e é certo que alguns resenhista se mostraram irritados com esse ultrajante 1º de abril. Mas, são desleituras, porque, antes de mais nada, Hilda Furacão é o "romance de uma geração", a geração incuravelmente frustrada pelo 1º de abril que os acontecimentos políticos lhe pregaram: tinham um encontro marcado com a revolução fidelista de Che Guevara e foram surpreendidos pela revolução castelista de Olímpio Mourão. Assim, 1º de abril não é somente a data simbólica e sarcástica desta história, é também a chave para a sua leitura.
Nascido em 1939, Roberto Drummond estava com 25 anos em 1964, a idade ideal dos entusiasmos e ilusões revolucionárias; agora, um quarto de século mais tarde, amadurecido e posto à prova pelos fatos, ele se vinga da própria ingenuidade e procurá superá-la por meio do clássico exercício psicanalítico: a confissão no divã. Não é sem razão que a heroína frequenta um analista e o narrador consulta outro. De geração para geração, variam os encontros marcados: em 1956, o de Fernando Sabino [1923-2004] era com Deus, entremostrando, aliás, o mesmo desencanto existencial; em 1971, aos 27 anos, Luiz Vilela marcou o seu encontro com a vida literária, sua frívola superficialidade, pretensões injustificadas, mesquinharias, enganos e amarguras (Os novos), sátira de decepção amorosa que, segundo se diz, pôs de mau humor não poucos dos seus modelos, se não todos.
MARTINS, Wilson. Encontros marcados. In: ______. Pontos 
de vista (crítica literária). São Paulo: T.A.Queiroz,
1997. v. 13, p. 86-87. [Publicado no Jornal 
 do Brasil, em  17 out. 1992].

Registremos que consta, no final da primeira edição de Os novos, lançada em 1971 pela Gernasa, do Rio de Janeiro, a seguinte informação:

Belo horizonte, 1-11-66.
Iowa City, 25-11-68.

Como Luiz Vilela nasceu em 31 de dezembro de 1942, a escrita do romance teve início antes de o escritor completar 24 anos, antes mesmo de lançar o seu primeiro livro, e foi concluída pouco antes de Vilela completar 26 anos.

Embora esta seja, conforme a resenha acima de Wilson Martins, "a idade ideal dos entusiasmos e ilusões revolucionárias", Os novos está, segundo o crítico, em outro patamar.

Para Wilson Martins, o primeiro romance de Luiz Vilela é "um retrato tanto mais cruel quanto menos contestável", sendo "um testemunho e um documento" de "uma geração perdida, não por haver sido reprimida e perseguida, mas por não se ter sabido afirmar e impor enquanto geração" (MARTINS, Wilson. Ilusões perdidas. In: ______. Pontos de vista (crítica literária). São Paulo: T.A.Queiroz, 1995. v. 11, p. 391-392. [Publicado no Jornal do Brasil, em 20 out. 1984]).

sábado, 28 de janeiro de 2012

PERDIÇÃO: Resenha - 7

"Ninguém sai incólume de suas páginas"
.
Hildeberto Barbosa Filho, no "Contraponto", da Paraíba, em artigo na edição com data de 13 a 19 de janeiro de 2012, trata de "Luiz Vilela e seu novo romance".

Considera tratar-se, o protagonista, de um "filho pródigo às avessas"; afirma que Vilela descortina "a marca interior de cada um dos atores que vivencia a tragédia da vida"; considera que o faz, "sem digressões", "pelas ações dos personagens e, sobretudo, pelos diálogos".

Para Hildeberto, deste romance, por desvelar o "essencial das almas comuns e captar o som frágil das carências humanas", "ninguém sai incólume", por serem páginas que deixam "legado reflexivo", páginas que impõem ao leitor o exame dos "imponderáveis que cercam os passos de cada um de nós".
O articulista considera que tal força também está presente nas demais obras de Luiz Vilela.  

Para ler o texto completo, clique na imagem; para baixar o arquivo, clique na legenda:




O artigo foi publicado, originalmente, no jornal A UniãoJoão Pessoa, 
Paraíba, de 8 de janeiro de 2012, na seção "Lado B", p. 20, disponível 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Vilela: "Este é o chão da arte: a liberdade"

10/07/2004 às 02:00:00 - Atualizado em 19/07/2008 às 15:44:27

Machado é um saco!- dizem os escritores

Num estimulante debate sobre contos, no terceiro dia da Flip [de 2004], o escritor carioca Sérgio SantAnna surpreendeu a platéia com uma provocação envolvendo um dos monstros sagrados da literatura brasileira. Falando de contistas que influenciaram seu trabalho, ele criticou ninguém menos do que Machado de Assis.

- Às vezes, por exemplo, pego um romance do Machado e digo para mim mesmo: que chato! Essa ironia de novo... - afirmou SantAnna, arrancando risadas da platéia.

No fim do debate, o jornalista e escritor Sérgio Rodrigues, mediador do encontro entre SantAnna e o escritor mineiro Luiz Vilela, ironizou:

- O Sérgio deu a manchete deste encontro: Machado é um saco! Até porque jornalista tira tudo do contexto.

No contexto: SantAnna disse que lê ou relê alguns autores com olhos extremamente críticos, procurando defeitos e falhas, como estratégia para esvaziar sua própria obra de referências explícitas ao trabalho alheio. Com isso, acredita, sua obra pode ter hoje um estilo próprio, inconfundível. Além disso, afirmou que pode brincar com Machado por já ter lido a sua obra.

- Quem não leu, precisa ler -ressalvou.

Vilela disse que suas influências incluem humoristas e poetas, não apenas contistas. E deixou de lado a modéstia que caracterizou a maior parte de seus comentários.

- Sendo bem pernóstico, posso dizer que hoje já sou mais influenciador do que influenciado.

Vilela diz que recebe uma enorme quantidade de livros de novos autores para ler e que encontra em muitos deles traços claros de sua obra, caracterizada principalmente por contos aparentemente simples, mas de elaboração longa e trabalhosa.

- Já li um que copiava trechos inteiros de contos meus. Esse eu nem respondi - disse Vilela.

- Todo mundo quer ser artista, todo mundo quer aparecer de alguma forma - disse SantAnna. - Para quem sabe a dificuldade de se escrever, é triste ouvir alguém dizer deve ser bacana ser escritor.

O imenso trabalho de escrever, que nem sempre é percebido pelo leitor ao se deparar com seus contos claros e fluidos, foi resumido por Luiz Vilela, que disse já ter perdido o sono por causa de uma vírgula. Sobre o eterno debate entre experimentalismo e enredo na literatura, tema de algumas discussões na Flip, Vilela disse que acha tudo isso furadíssimo, uma bobagem.

- O escritor escreve o que quiser, escreve o que brota de dentro e não o que brota de fora. Não precisa ninguém dizer para um escritor sério fazer o melhor possível, nem a mãe dele. Este é o chão da arte: a liberdade.

Por Sérgio Rodrigues, no
 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Bóris & Dóris - o filme

A novela Bóris e Dóris, de Luiz Vilela, foi adaptada como filme de média metragem (48min45seg), em 2007, pela turma de 3º ano do Curso de Letras Inglês/Português do Câmpus de Corumbá, da UFMS. Em 2010, a edição nº. 2 da revista CARANDÁ apresentou um dossiê sobre Bóris & Dóris - o filme


Para acessar o dossiê, clique aqui.

Para baixar o filme, na íntegra, em seu computador, clique aqui.

Para vê-lo, dividido em seis partes, clique nas imagens abaixo, com links para o canal do Grupo de Pesquisa Luiz Vilela no Youtube:
  • 1. 1a. parte (abertura), 2min16seg:

  • 2. 2a. parte, 8min40seg:

  • 3. 3a. parte, 9min26seg:

  • 4. 4a. parte, 9min38seg:

  • 5. 5a. parte, 9min20seg:

  • 6. 6a. parte (final), 9min34seg:

A novela Bóris e Dóris, lançada em 2006 por Luiz Vilela, deu inicio  ao  projeto  do  escritor de ter toda a sua obra na Editora Record, tanto os novos livros quanto as reedições dos livros anteriores, muitos dele há muito esgotados.

De 2007 a 2009, Bóris e Dóris integrou a lista das leituras indicadas do Vestibular da UFMS. O filme foi realizado como atividade da disciplina Prática de Ensino, sob direção do professor Rauer Ribeiro Rodrigues. A exibição do filme, em caráter público ou privado, é livre, mas a comercialização do filme ou das exibições é proibida.

Para contatos com a equipe, pedido de informações ou notícia de exibições, utilize o email do GPLV: gpluizvilela@gmail.com.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Vilela e Ruffato: Um jogo de crenças

PERDIÇÃO e DOMINGOS SEM DEUS

O jornalista Maurício Melo Jr., no programa Leituras de 12 de janeiro de 2012, na TV Senado, na seção "Dica de leitura", analisa os romances Perdição, de Luiz Vilela, e Domigos sem Deus, de Luiz Ruffato, nomeando sua leitura de "Um jogo de crenças".

Eis o excerto do programa com a "Dica de leitura":


MELO JÚNIOR, Maurício. Um jogo de crenças. Leituras. Brasília, TV Senado, 
2012. Vídeo, 3min29seg. (Análise dos romances Domingos sem 
Deus, de Luiz Ruffato, e Perdição, de Luiz Vilela).

No programa, Maurício Melo Jr. entrevista o poeta e cronista Sérgio Vaz, que fala do lançamento do livro "Literatura, Pão e Poesia. Veja, aqui, a íntegra do programa na TV Senado.

Para baixar o excerto com a seção "Dica de leitura, clique aqui.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Torero, e os "Contos eróticos" de Luiz Vilela

José Roberto Torero, em http://blogdotorero.blog.uol.com.br/.

08/09/2010

Contos eróticos

Eu não gosto muito de livros de contos. Geralmente eles não são feitos para formar um livro, algo com unidade, de modo que há muitos que são um samba do crioulo doido, com cada conto apontando numa direção e não levando a lugar nenhum.
Não é o caso de “Contos Eróticos”, de Luiz Vilela.
Ele tem uma unidade de tema e de estilo que faz com que o livro seja realmente um livro, uma obra orgânica.
E os contos são muito bons (a não ser que você espere encontrar descrições de grandes orgias). Eles mostram cenas em que o sexo é o assunto principal, e isso é tratado com sutileza, boas surpresas e ótimos diálogos.
Há, por exemplo, a confissão de um jovem em que percebemos que o padre é que está pecando ao querer ouvir cada detalhe, um flerte entre dois primos que se reencontram já maduros, um tio safado que recebe a sobrinha no hospital, a briga de um casal que termina em sexo, um garoto que vê uma moça tomando banho etc...
Climas, cenas e histórias muito boas.
Luiz Vilela não é um inovador, mas um escritor com grande domínio da técnica do romance. Eu o colocaria entre os cinco bambambãs no gênero na literatura nacional.
Mas, estranhamente, ele é pouco badalado.
E acho que sei o motivo: ele não é um bom personagem.
Atualmente, para que um escritor seja interessante para a imprensa, ele é que tem que ser interessante, não o livro.
Como a maioria dos textos sobre literatura passou a ser feita por jornalistas e não mais por críticos, e como os jornalistas naturalmente buscam contar uma história, a vida dos escritores cresceu em importância, em detrimento da sua obra.
Nisso, Luiz Vilela sai perdendo, porque não tem uma vida especialmente interessante. Ele mora numa cidade média no interior de Minas (um sítio isolado seria muito mais charmoso), não é nem um octogenário nem um jovem em seu primeiro livro, não é uma bela mulher, o que ajudaria muito, não tem uma profissão curiosa (como compositor ou apresentador), não se diz mago, não é um agitador cultural nem é do tipo internético que tem twitter, facebook, orkut, blog e afins. A única coisa que ele faz é escrever bem.
E isso, hoje em dia, parece ser pouco.
Por Torero às 09h39
UOL Blog - Comentários
Você já tem o seu blog? Não?
Então crie o seu. É de graça.

[Cláudia] [São Paulo, SP] 
Adorei o comentário, é muito pertinente. Especialmente quando se vê autores sendo badalados pelo que são e representam e não por aquilo que escrevem. Isso me deixa mais tranquila, penso que ainda posso ter uma chance! Abraços.

12/09/2010 12:57

[Sonia Neves] [Osasco, SP] 
Torero, que lindo texto sobre o Luiz Vilela! Deu vontade de ler os contos. Vou comprar. Ahh, no gênero, eu também sou fã do Dalton Trevisan e da Clarice Lispector. Abraço alvinegro praiano meio "tristinho". Tô de ressaca hoje depois de ter ido ontem ao Pacaembu.

10/09/2010 16:53

[Thiago Esteves Nogueira] [São Paulo, SP, Br] 
Tomara que caia no vestibular do ano que vem. Entra Contos eróticos e sai Iracema, vaiada pelo estádio com mais de 1 milhão de vestibulandos...

09/09/2010 04:26

[Thamyres] 
Infelizmente temos que concordar que ser "apenas um excelente escritor" é pouco nos dias de hoje pra ser "de sucesso", isso acaba privando a maioria ter acesso à boa leitura. Contamos com sua ajuda para propagar bons escritores...

08/09/2010 22:55

[Rodrigo] [RJ] 
talvez se o Vilela participasse de algum reality show... Boa dica de leitura Torero, e está corretíssimo sobre esse impasse entre escritor e obra no Brasil. O estranho é que alguns desses escritores badalados mais por suas vidas que suas obras, reclamam exatamente disso, de que as pessoas sempre esperam ver suas vidas nos livros, e nem sempre acontece. Não sei se isso ocorre só no Brasil, mas certamente para um país em que se lê pouco, o impacto dessa cultura é gigante. Procurarei o "Contos eróticos". abraços, Rodrigo.

08/09/2010 18:51

[Davi Kikuchi] [São Paulo] 
Você não gosta muito de livros de contos? Não dá para fingir que são na verdade conjuntos de minilivrinhos, que só foram reunidos para o preço ficar mais em conta? ;-)

08/09/2010 18:38

RESPOSTA:
Acho que eu gostaria mais dos minilivrinhos.

[paulo hideto honda] [São José dos Campos,São Paulo,Brasil] 
Concordo plenamente,pois a obra tem que ser mais valorizada.

08/09/2010 17:35

[Danilo Otoni] [BH - MG] 
Luiz Vilela é realmente muito bom. Lembro quando passei no vestibular da UFMG e tinha uma obra dele para ser lida. Fiz questão de ouvir uma de suas entrevistas atentamente para poder "tirar proveito" na prova. Mas na primeira resposta de Vilela, percebi ali estava bem mais que um escritor. Ele foi logo respondendo: -Se eu tivesse que responder uma dessas perguntas que são feitas de meu livro, erraria todas! Genial!

08/09/2010 17:31

[Luis] [São Caetano do Sul] 
Colocações perfeitas, Torero. O que importa, nos dias de hoje, para um escritor ter sucesso na mídia, é tudo, menos a sua obra, infelizmente...

08/09/2010 17:29

[DanielQ] 
Sabe que eu li faz pouco tempo um ótimo livro de contos, que não foram feitos para formar um livro mas acabaram formando? Pois é, estou falando de "Zé Cabala e Outros Filósofos do Futebol"...

08/09/2010 17:23

[junior] 
Parabéns Torero !! incentivar a literatura em nosso país é raro.já lhe fiz críticas ácidas,e sei que ser crítico é muito fácil e cômodo,o correto seria cooperar primeiro e criticar depois,mas como não posso cooperar com você,pelo menos posso te elogiar e pedir que faça sempre isso no seu blog.

08/09/2010 16:12

[Andre Araujo] 
Tenho um pouco de pé atrás com a sua afirmação sobre livro de contos, sabe... Acho gostoso ler contos, independentemente de vir em uma salada de situações distintas. Porém, gosto muito mais de livros de contos que apresentem essa unidade. Tem por exemplo o Sérgio Rodrigues, com "O homem que matou o escritor" que eu recomendo... e que acabo de descobrir que vc tb recomenda na contracapa do livro... ok, vc venceu de novo. Mas me tire uma duvida: Se Luiz Vilela é um dos 5 grandes nomes nacionais... vc poderia indicar outros 3, já que um deles eu ja conheço?

08/09/2010 13:38

RESPOSTA:
Gosto também do Dalton Trevisan e do Verissimo.

[Eduardo Batista] [Diadema - SP] 
E qual personagem o Torero seria? Um esportista (corre e nada [nada do verbo nadar]), um torcedor de futebol ou outra personagem? abraço, DUDA.

08/09/2010 12:38

RESPOSTA:
Um cronista de futebol, o que não dá muito status no mundo literário.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Estes contistas são os caras

12/12/2007
 às 14:19 \ 

Eles são os caras

Ao trazer o mineiro Luiz Vilela no entrevistão do Paiol Literário e o gaúcho Sergio Faraco na seção Dom Casmurro, com a íntegra do conto “O céu não é tão longe”, a edição de dezembro [de 2007] do “Rascunho junta dois dos maiores contistas brasileiros vivos.

Ambos são leitura mais recomendável que nunca neste momento de vale-tudo estético e inflação contística galopante, em que qualquer texto cotó vem tirando onda de “conto”.

Nenhuma palavra dos editores indica que, ao juntar os dois mestres, o jornal curitibano quis fazer uma homenagem a essa brilhante geração de contadores de histórias – Faraco nascido em 1940, Vilela em 1942. Mas fez, e isso basta.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Um conto de abertura inesquecível


Começos inesquecíveis: Luiz Vilela


Sérgio Rodrigues

Foi num sábado. Quero dizer que se não fosse num sábado talvez não tivesse acontecido. Porque sábado é um dia violento. Um dia em que as pessoas se sentem muito alegres ou muito tristes. Ele se sentiu muito triste.
Se minha memória ainda merece confiança, é a primeira vez que uma abertura de conto vem parar nesta seção, normalmente dedicada a romances. Essas são as linhas iniciais de Num sábado, um dos 25 contos do livro “Tarde da noite” (Vertente Editora, 1970), do mineiro Luiz Vilela. Se vamos fugir à regra ou, quem sabe, inaugurar uma nova tradição, que seja com um dos maiores contistas brasileiros da história.
In: Do site Todoprosa, da Revista VEJA, de 19 de outubro de 2007, em

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

CARANDÁ nº. 2

CARANDÁ - Revista do Curso de Letras do Câmpus do Pantanal da UFMS, em seu segundo número, de maio de 2010, publicou Dossiê abordando a novela Bóris e Dóris, de Luiz Vilela, a partir da produção da adaptação cênica Bóris & Dóris - o filme, realizada, em 2007, por alunos do 3º ano de Letras do Curso Noturno do Câmpus do Pantanal da UFMS, em Corumbá


Essa edição traz ainda resenhas e artigos, que tratam de autores como Antonio Callado, Ariano Suassuna, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, João do Rio, Jorge Luis Borges, Nathaniel Hawthorne e José Régio. A revista tem ainda uma seção de produções artísticas de novos autores, apresentando Roberto Santos, Glacy Magda de Souza Machado e Marcelo Dias de Moura.


Abaixo, clique na capa da revista para visualizá-la ou clique no nome da revista para baixar a edição em seu computador; fechando o post, veja o sumário deste nº. 2 da CARANDÁ  e a chamada para a edição de nº. 5, a sair em maio de 2012.





SUMÁRIO

ARTIGOS

Entre Dandys, Lésbicas e Prostitutas: Considerações
Sobre os Contos “História de Gente Alegre” e
“Duas Criaturas”, de João do Rio
Elaine dos Santos

Ariano Suassuna e o Diálogo Intertextual
com seus Paradigmas
Márcia Maria de Melo Araújo

O Poder da Palavra na Poética
de Guimarães Rosa
Maria da Luz Alves Pereira

Dos Resquícios de uma Utopia às Introjeções de um Sentimento de
Derrota: Bar Don Juan e Sempreviva
Giselia Rodrigues Dias da Silva

Quintal e Galinha: Espaços Poéticos em A Vida
Íntima de Laura, de Clarice Lispector
Mariângela Alonso

A Identidade Feminina Revisitada: Um Estudo da
Mulher em Virginia Woolf e Clarice Lispector
Priscila Berti Domingos

Não Sei Lidar com a Inclusão de Alunos Surdos: Falta de Preparo
e Formação dos Professores de Inglês
Tânitha Gléria de Medeiros
Drª Maria Cristina Faria Dalacorte Ferreira

Laços de Sangue: Alguns Aspectos Socioculturais dos Estados
Unidos no Século XX
Patricia Dayse Alves Alvino Moreira
Rejane de Souza Ferreira

A Vida na Casa de Vidro: The Crucible e a Vigilância na
Sociedade Estadunidense
Vanessa Cianconi Vianna Nogueira

O Fantástico em “O Jovem Goodman
Brown”, de Nathaniel Hawthorne
Adolfo José de Souza Frota

Medo, Inveja, Vergonha: As Paixões no Conto La Forma de la
Espada, de Jorge Luis Borges
Neusa Teresinha Bohnen

A Poesia Invade o Palco: Aspectos
Poéticos no Teatro de José Régio
Isabelle Regina de Amorim-Mesquita

A Leitura Cognitiva Através da Hermenêutica
de Paul Ricouer: Compreender a Realidade
por Meio da Linguagem
Sirlene Cristófano

Estruturalismo e Pós-Estruturalismo na Linguagem: Leituras
Centrífugas do Mesmo e do Diferente
Nelson de Jesus Teixeira Júnior
Cassia dos Santos Teixeira

A Tópica Crítica e a Intensividade dos
Símbolos em Cecília Meireles
Soraya Borges Costa

A Política de Aristóteles na Obra Hipérion ou O
Eremita na Grécia, de Friedrich Hölderlin
Fábio Luís Chiqueto Barbosa
Aparecido Salvador Júnior


RESENHA

Língua e Literatura: Opressão e Liberdade
Ana Karla Pereira de Miranda
Isaias Leonidio Farias


LITER’ARTES

POESIA:

Limites
Roberto Santos

CONTO:

A vela
Glacy Magda de Souza Machado

FOTOGRAFIA:

CARANDÁS: Mosaico
Marcelo Dias de Moura


BÓRIS & DÓRIS – O FILME
Dossiê

Entrevista com Rauer :
A Liberdade, o Desafio e o Paradoxo da Arte
Lavínia Resende Passos

Depoimentos
Gelsimara Cunha dos Santos
Henrique Cezaretti 
Juliana Gomes 
Ione Eler E Herler

Filme abre seminário sobre literatura
no Vestibular da UFMS
Perfil, News, 19 nov. 2007

O permear da incomunicabilidade
em Boris e Dóris – o filme
Cristiane Passafaro Guzzi

Sutilezas, fidelidade, novos sentidos
Luciene Lemos de Campos

Depoimento de
Luiz Vilela

Fragmento
Boris e Dóris, a novela de Luiz Vilela

Boris e Dóris: um flagrante cotidiano
Jairo Rodrigues

Revoluções pessoais: diálogo
intenso e reflexão social
Maurício Melo Júnior


SERVIÇO

Chamada e Normas Para Colaborações

O nº. 1 da Revista saiu em maio de 2009, o nº. 3 saiu em maio de 2011 e o nº. 4, em novembro de 2011. O nº. 1 pode ser acessado aqui no GPLV em < http://gpluizvilela.blogspot.com/2012/01/caranda-n-1.html >.  Em novos posts, republicaremos os números 3 e 4 da CARANDÁ


O nº 5 está com chamada aberta para colaborações até 12 de março; as colaborações devem ser enviadas para o email revistacaranda@gmail.com. Veja as normas, que continuam válidas, à p. 270 da CARANDÁ nº. 2.

sábado, 14 de janeiro de 2012

PERDIÇÃO: Resenha - 6

Blogs e Colunistas
14/01/2012
 às 9:05 \ Livros da Semana

‘Perdição’: em novo romance, contista Luiz Vilela perde força


O escritor mineiro Luiz Vilela
O escritor mineiro Luiz Vilela é conhecido, antes de tudo, por ser um contista especializado em diálogos. A fama de Vilela neste quesito é tão grande que as narrativas breves do autor viraram exemplos obrigatórios em oficinas literárias, quando o professor necessita ensinar os alunos a construir uma conversa entre personagens que soe natural. Não é difícil esquartejar o estilo do autor para descobrir alguns artifícios recorrentes. Apesar disso, o ouvido de Vilela para diálogos é tão assombroso e as falas de seus personagens (sejam eles cultos ou iletrados) soam tão plausíveis que, por mais que seu estilo possa ser imitado, dificilmente se conseguirá criar algo no mesmo nível.
Vilela não é inexperiente no território do romance e, no entanto, este não é seu habitat natural. Contista por natureza, o mineiro sempre se valeu da concisão. De certo modo, todas essas características continuam presentes em sua obra mais recente, Perdição (Record, 400 páginas, 39,90 reais). Embora se trate de uma narrativa longa, ela está dividida em pequenos capítulos, alguns deles contando histórias quase à parte, fechadas em si, como contos, e muitos desses capítulos são conduzidos inteiramente pelos diálogos.
O enredo, narrado por Ramon, um jornalista que trabalha em um pequeno jornal diário de uma cidade do interior de Minas Gerais, gira em torno de Leonardo, pescador e amigo de infância de Ramon. Leo, como é chamado, passa por um período de vacas magras – ou melhor, de peixes magros. Pressente que a pesca não será mais suficiente para a sua subsistência, ainda mais com a chegada da filial de uma grande corporação na cidade, o Disk-Peixe. É então que Leo decide, em uma história para lá de brasileira, aceitar o convite de um grupo de pastores para entrar em uma nova (e gananciosa) igreja que está sendo fundada no Rio de Janeiro pelo enigmático Mister Jones.
A história, que começa deveras interessante, logo afunda no previsível. Como era de se esperar, a entrada na seita não traz a menor alegria ao pescador, e ele é manipulado e corrompido. Por outro lado, acontecimentos marcantes, como o acidente da filha de Leo e a reação dele, são pouco explorados. Os longos diálogos de personagens coadjuvantes sobre suas crendices, no entanto, dominam vários capítulos do romance, e não adicionam muito à trama. Há vários capítulos que poderiam ser, se não cortados, bastante reduzidos, para assim diminuir a aparência “inflada” que o romance de Vilela apresenta.
Há um universo interessante e crível em Perdição, e o autor possui pleno domínio da técnica. Porém, o formato do romance longo talvez não seja ideal para o enredo que Vilela queria contar. Além disso, a fixação do narrador nos “causos” dos habitantes da cidadezinha faz predominar um tom anedótico, como se o livro fosse apenas isso: uma coleção de histórias de pouca relevância entremeada com a trajetória de ascensão e queda de Leo. O resultado final é um livro que vai progressivamente perdendo força, e cujo impacto final é pequeno. Muito distante dos contos breves do autor mineiro que desferiam um poderoso golpe no leitor.
Antônio Xerxenesky